segunda-feira, 13 de agosto de 2018
A primeira maratona de um poeta
Turb(i)-, pode ver-se no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, é um "elemento de formação de palavras que exprime a ideia de agitação, desordem". À entrada do seu primeiro romance, Chico Buarque apresenta-nos algumas palavras que esse elemento integra. Entre elas: estorvo, distúrbio, perturbação, turvo, turbulência, turbilhão, trovão, atropelo, tropel, torpor, estupor, estropiar.
Um homem bate à porta. Quem será? Lembra alguém. Tem barba. Talvez o protagonista "já tenha visto aquele rosto sem barba, mas a barba é tão sólida e rigorosa que parece anterior ao rosto". Num exercício onírico em que a escrita sobressai face ao enredo, o protagonista vagueia a partir daí, em fuga ou não, em busca ou não, desistente ou não, num mundo estranho. Ou talvez apenas num mundo que é um estorvo porque estorvo são os outros, ele próprio, a vida.
O texto é o da primeira maratona de um poeta: subserviente à narração, a linguagem não dá tréguas ao leitor. Nesse sentido, aqui e ali, a surpresa de me ter evocado uma outra obra cuja filigrana me enredou há uns tempos: "Um Pinguim na Garagem" de um tal de Luís Caminha.
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