quinta-feira, 30 de abril de 2020

Usar máscara e estar mascarado


Vai-se instalando a ideia de que os portugueses têm tido um comportamento exemplar nesta pandemia. Talvez não seja tanto assim. Basta ir a um hipermercado para verificar que a maioria não sabe o que são dois metros de distanciamento ou, sabendo-o, pensa que o vírus não lhe sai da boca e só viaja quando dois pares de olhos se encontram. Basta um passeio ou meia hora de exercício na rua para perceber que a lei é esperar que seja o outro a desviar-se.

Convenhamos que, neste contexto, os governantes, presidentes, responsáveis e quejandos mostraram ser bons aprendizes e óptimos modelos. Navegando à vista, assistiram por sorte ao início do caos noutros países europeus. Não precisaram de planear: reagiram apenas ou seguiram as directivas da OMS, mesmo as menos brilhantes, como a de não aconselhar o uso de máscaras. Resta saber se esse 'desaconselho' se deve a um preconceito relativamente à inteligência do povinho para as utilizar, se à ausência de máscaras para distribuir.

Os que nos governam têm demonstrado, aliás, o que pensam das máscaras:  uns objectos pouco dignificantes para aqueles que, como eles, são dignos. Enfim, é coisa para outros. Como dizia há dias a segunda figura do Estado Português, a propósito da comemoração do 25 de abril na Assembleia da República, "Então nós íamos mascarados para o 25 de abril?" Talvez ignore que o uso de máscaras serve, acima de tudo, para proteger os outros. Talvez ignore que só com muito esforço 'estar mascarado' tem 'usar máscara' como primeira acepção. 

Porventura

Empresários, advogados, médicos, economistas, jornalistas, ex-futebolistas, adeptos, adeptos, adeptos..., há comentadores da bola para tod...