Quatro de agosto de 1944. Vinte e cinco meses após se terem escondido num anexo secreto dos escritórios da Opekta, Anne Frank e mais sete pessoas, entre as quais os pais e a irmã, são descobertos e presos pelos nazis. Com excepção de Otto, o seu pai, todos morreriam nos campos de extermínio para onde foram enviados. Anne Frank e a irmã Margot sucumbiriam ao tifo que alastrou em Bergen-Belsen no inverno de 1944/1945.
Mas não caiu nas mãos dos nazis um pedaço da vida de Anne: o diário que ela manteve entre 12 de junho de 1942, data do seu décimo-terceiro aniversário, e 1 de agosto de 1944. Esquecido no anexo e recuperado mais tarde pelo pai, é o testemunho de uma adolescência roubada. Nele, Anne vai dando conta dos conflitos entre os habitantes confinados ao anexo; das discussões acerca de temas tão díspares como a política, a guerra, as refeições; do uso cuidadoso do autoclismo para não chamar a atenção dos funcionários em baixo; dos sonhos adiados; dos planos para o futuro; da impossibilidade de ter um espaço para si; da tristeza e da esperança; do medo e do alívio. Kitty, a personagem que ela inventa por trás das páginas do diário, é quem que lhe permite lidar com tudo isto.
Na primavera de 1944, Anne Frank começa a rever o seu diário. Tem a intenção de dá-lo a conhecer ao mundo depois da guerra. Esta é a versão dita definitiva, sem os cortes e correcções a que o pai o sujeitaria antes de o publicar em 1947. A descoberta da sexualidade; a atracção por Peter, outro dos habitantes do anexo; a relação difícil com a mãe – tudo aqui volta a ser confessado a Kitty. Tudo aqui é revivido por esta infeliz rapariga que nos retratos nos aparece sempre com um sorriso, um suave e contido sorriso, e cujas palavras nunca desistem da vida.
The Diary of a Young Girl
Anne Frank
Eds. Otto J. Frank, Mirjam Pressler
Trad. Susan Massotty
2012
Original: Het Achterhuis [O Anexo Secreto]
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
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